sexta-feira, fevereiro 24, 2006

O Sonoro...


Música, Terror e Sensualidade...

O primeiro filme sonoro falado foi The Jazz Singer, de Alan Crosland, em 1927, com um actor branco, Al Jolson, caracterizado como negro. Grandes nomes iniciaram a brilhantes carreiras: Howard Hawks, Raoul Walsh, King Vidor, entre outros.
A primeira década do sonoro é marcada por filmes de horror e fantásticos. Monstros, vampiros e outras criaturas sinistras povoam os écras.
Surgem grandes clássicos do género: Drácula, de Todd Browning e os vários filmes de James Whale (Frankenstein, O Homem Invisível, A Noiva de Frankenstein).
Num registro radicalmente oposto, as comédias musicais com Fred Astaire e Gjnger Rogers encantam um público mais sentimental.
Na Europa, O Anjo Azul, de Josef Von Sternberg, em 1930, assinala o aparecimento da vamp Marlene Dietrich.

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Arte È Expressão...


È na vida que o homem ama, sofre, se alegra ou se comove, na vida povoada de seres e de coisas e regida por ideias. Por isso a arte nasce ligada à totalidade da vida, é uma recriação da própria vida. Sociedade, ideologia, religião, moral, politica, tudo faz parte da experiência humana e tudo a arte exprime, de tudo a arte se nutre: do bem como do mal, do belo como do feio, do justo como do injusto, do verdadeiro como do falso, do real como do ilusório, do concreto como do ideal, da acção como do pensamento em que se debatem as ideias do bem, de mal, de belo, de feio, de justiça, de injustiça, de verdade, de erro, de realidade, de ilusão, de tudo o que é vida vivida no sofrimento e na alegria...
Não será lícito...atribuir à arte uma finalidade social, ideológica, religiosa, moral ou politica, apesar de as sociedades, as ideologias, as morais, as religiões e as politicas desempenharem um papel decisivo na sua motivação, havendo que substituir a noção ideal de finalismo pela noção prática de função.
Uma coisa são as intenções do artista, a finalidade que eventualmente se proponha (religião, politica, moral, etc), outra coisa é a expressão que medeia entre o artista e essa finalidade, ou seja, a arte. Ora é na medida em que a arte constitui para o artista um veículo expressivo que se pode dizer que ela exerce uma função. A função da arte é exprimir, e o artista ao exprimir-se exprime o mundo em que se inscreve e nele interfere, nele intervém.
Esse mundo, como vimos, não é porém unitário: o artista exprime a natureza humana enredada nos conflitos a que esta se encontra sujeita, conflitos que na obra de arte reaparecem entre o que a obra reflecte das condições/ambientes em que nasce e as virtualidades profundas do homem, atingidas através das circunstâncias que paradoxalmente o suscitam e contrariam...
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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Filmes De Culto - Pequena História!

O Mudo...

Os inicíos...

Na primeira projecção pública dos irmãos Lumière, Chegada do Comboio à estação de Ciotat, em 1895, o público em tumulto pensou que um comboio saía na realidade do écran. Com Georges Mèlies surgiu o espectáculo cinematográfico em Viagem à lua, de 1902.
Um ano depois surge o primeiro filme em que o protagonista aponta um revólver ao público, Great Train Robbery, de Edwin S. Porter, também o primeiro Wes-tern americano. Foram acontecimentos inaugurais que abriram as portas a uma nova forma de aceder a outros mundos.

Èpicos...

O melodrama épico Nascimento de uma Nação, de D.W. Griffth, em 1916, lança a indústria cinematográfica nos EUA, com grande impacto pela dimensão histórico-politica procurada.
Em 1925, Sergei Einsenstein, com O Couraçado Potemkine, constrói im imaginário impressionante pela composição dramática e pela força expressiva. Èpicos americanos como Ben-Hur e Quo Vadis, autênticos frescos históricos com sumptuosos cenários, elevaram o género.

Vanguardas...

Surgem manifestos de vanguarda a partir de 1916 na Rússia, privilegiando o espontâneo e o imprevisto. Dziga Vertov é a mentora e O Home da Câmara um bom exemplar do género. No expressionismo alemão, O Gabinete do Dr. Caligari de Robert Wiene, foi a obra-prima desta corrente, com um toque de fantástico. Outros expressionistas, Nosferatu de F.W. Murnau, iniciador do cinema de horror, e o visionário Metropolis de Fritz Lang, citado como o primeiro filme de ficção-científica da história do cinema.

Comédia...

Destaque para o cómico francês Max Linder, para o americano Buster Keaton, o génio do delírio burlesco, Harold Lloyd e Charlie Chaplin, o inventor da comédia com poesia e humanismo: a Quimera do Ouro, As Luzes da Cidade, Tempos Modernos...

Inovadores...

Um Cão Andaluz, de luis Buñuel, escrito com Salvador Dali, foi um dos primeiros filmes surrealistas e provavelmente o mais marcante, privilegiando o inconsciente, o onírico e o insólito. Impertinente e provocador, este filme choca pela crueza das imagens. A Caixa de Pandora, de GW. Pabst, introduziu sangue novo no cinema alemão, com a mítica Louise Brooks, imagem por excelência do erotismo fatal.
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sábado, fevereiro 11, 2006

Filmes de Culto!

Por que motivo existem filmes "de culto"? Que tipo de definição é esta e quais as razões que nos levam a utilizá-la? Poderíamos avançar com considerações sobre os contextos sociais, as vivências estéticas e as causas psicológicas que provocam uma reacção simultânea de estranheza e profunda identificação perante um objecto de características marginais. Pela diferença, pela originalidade, seguramente pela transgressão, os filmes de culto são aqueles que extravassam do domínio pessoal, do gosto mais vincado e singular, para uma área de interesse comum, mas suficientemente restrita para não se banalizarem no mercado de consumo em massa. Há vários tipos de "culto", para os mais diversos tipos de público, abertos a experiências diferentes.
No nosso "filme preferido" projectamos fantasias, existências desejadas ou temidas, mundos paralelos que traduzem de forma figurada e intensa a nossa vivência da realidade. Para muitos, um filme preferido não será a escolha mais óbvia da generalidade do público (Freaks, de Todd Browining vs. Titanic, de James Cameron, por exemplo), e a expressão "de culto" surge aqui como um código, uma espécie de segredo fora do alcance do espectador comum.
Realizadores como Roger Corman, Ed Wood e Paul Morrissey são hoje paradigmas desse "culto", mais por razões históricas do que por real mérito artístico.
Corman, o grande impulsionador dos subgéneros do cinema americano, misturando em doses maciças sexo, sangue e violência a um ritmo frenético, com baixissímos orçamentos, é o precursor dos "blockbusters", na essência e na intenção: cativar o maior número de entusiastas com o espectáculo mais excitado que se conseguir produzir. Ao longo de largas centenas de películas, Corman deu espaço de manobra e criação a nomes como Francis Ford Cappola, Jonathan Demnme, Jack Nicholson e Jonathan Kaplan, entre muitos outros.
Quentin Tarantino terá fundado muitas das suas ideias no universo de Corman e o mega-produtor Joel Silver (Arma letal, The Matrix) actua hoje de forma idêntica, quadriplicando os meios.
Ed Wood revisitou e explorou os medos obscuros de uma América em permanente sobressalto. Com recursos escassos, muita imaginação e a boa-vontade de uma equipa fiel, criou clássicos como Plan 9 From Outer Space, ou como uma invasão de alienígenas vampiros pode afectar o desenvolvimento normal de uma pacata localidade. A preto e branco, com cenários de cartão semidescolados, sombras de microfone e desempenhos mais assustadores do que o tema escolhido mas muita, muita convicção. Em Gjen ou Gjenda falou-nos de transexualidade, desempenhando o duplo papel protagonista, ora embrulhado em angorá ora levando-se dramaticamente a sério.
Inconformista, excêntrico, bizarro, Wood estava destinado a ser admirado pela audácia e pelo humor involuntário das suas criações. John Waters não existiria hoje sem a obra de Ed Wood.
Paul Morrissey acompanhou as tendências da Factory de Andy Warhol e Cia. Joel Dallessandro era então o representante de um certo ideal masculino, corrompido pelas drogas, pela prostituição e por outras declinações possíveis de má vida. Esta associação entre beleza e decadência e o jogo preverso de ambiguidades que os anos 70 proporcionavam, deu origem a filmes como Flesh, Trash e Heat, transgressores q.b, por vezes amorais, muito gráficos na representação dos corpos. O erotismo no cinema não voltaria a ser o mesmo, nem para o próprio Morrissey, que em Flesh for Frankenstein e Blood for Dracula mergulhou em fantasias carnais sem limites, regado a sangue, em ambientes de improvável terror.
Como negar o culto a estas figuras e à sua vontade indomável de criar algo novo e peculiar?...
Provavelmente um "filme de culto" não nasceu de grandes paixões, de longos debates e criticas arrebatadas. Dificilmente classificaremos JFK ou mesmo A Ultima Tentação de Cristo como tal.
Essa designação nasce do interesse de espíritos inquietos, curiosos, com uma boa dose de humor e de sentido lúdico, que, ao sabor do tempo e da descoberta, encontram histórias que se enquandram numa certa filosofia de vida. A sua. Pode haver filmes mais especiais?
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sexta-feira, fevereiro 10, 2006

O que pensa esta criança?

Este miúdo palestiniano assiste ao funeral do irmão, membro das brigadas dos mártires de Al Aqsa, uma milícia lligada ao movimento Fatah. Posted by Picasa

World Press Photo 2005

O canadiano Finbarr O`Reilly, da agência Reuters, foi distinguido com o prémio por uma fotografia que ilustra a fome no Níger. Posted by Picasa

Poder e Obediência!

Do estado à família, do príncipe ao pai, do tribunal aos pequenos castigos quotidianos, das instâncias da dominação social às estruturas constitutivas do próprio sujeito, acharíamos, apenas em escalas diferentes, uma forma geral do poder.
Esta forma é o direito, a mecânica do lícito e do ilícito, da transgressão e do castigo. Quer se lhe atribua a forma do príncipe que formula o direito, do pai que proíbe, do censor que obriga a calar ou do mestre que diz a lei, de qualquer modo esquematiza-se o poder sob uma forma jurídica; e definem-se os seus efeitos como obediência. Em face de um poder que é lei, o sujeito que é constituido como sujeito - que é sujeitado - é aquele que obedece. À homogeneidade formal do poder ao longo de todas estas instâncias, corresponderia, naquele que ele coage - quer se trate do súbdito em face do monarca, do cidadão em face do estado, do filho em face dos pais, do díscipulo em face do mestre - a forma geral de submissão. Poder legislador de um lado e sujeito obediente do outro.

A Vida é uma Arte? Ou a Arte é uma Vida?

A vida é, como sabemos, um conjunto de múltiplas experiências. Vivemos antes de reflectirmos sobre o sentido das nossas vivências, mas sentimos necessidade de as compreender, explicar e comunicar aos outros. Desta necessidade surgiram diferentes modos de expressão e de explicação e diferentes linguagens. A arte constituiu-se como uma dessas formas de apropriação do sentido da nossa experiência. È uma actividade do homem, uma tentativa de traduzir e fixar as suas emoções, angústias, anseios e necessidades.
A capacidade de captar e constituir formas (representar, recordar, fantasiar) é uma das características básicas do homem. O artista possui esta capacidade em grau mais elevado e prolonga esse excedente de vida interior e de criatividade fora de si, fixando-o numa forma sensível - o objecto estético. O artista representa a realidade tal como ela se manifesta aos seus sentidos, à sua intuição e esta representação é uma interpretação do sentido da sua experiência, uma interpretação configuradora e transfiguradora, num processo criativo mediatizado por um conjunto de materiais e técnicas específicas de cada domínio artístico e de cada escola e estilo.
Através de palavras, movimentos, sons, volumes, linhas, cores... o sujeito criador compõe, desenha, pinta... e cria poema, melodia, dança, quadro... o problema é o de encontrar uma forma, uma linguagem e um material adequados.
A arte é, assim, «o ensaio incessante do espírito humano para se elevar à imagem e à forma, isto é, para formar e estruturar domínios parciais da experiência humana e do material que se encontra à sua disposição» (F. Heinemann, A filosofia no Século XX).
Cada obra de arte é um mundo criado por alguém à sua maneira, servindo-se de determinadas condições materiais e de regras formais. Esta criação torna-se objecto estético significativo, transportando as experiências subjectivas do seu autor para além dos seus limites temporais finitos e oferecendo-se a uma multiplicidade de interpretações e significações, elas próprias igualmente geradoras de sentimentos e prazer estéticos.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

A Vida È Uma Ilusão?

Vou contar-lhe uma lenda hindu que li esta manhã. Julgo que é do género das que lhe contava Anisie. Ouça: é a história dum asceta célebre que se chamava Narada. Impressionado pela sua santidade, Visnu prometeu-lhe satisfazer-lhe qualquer desejo. "Mostra-me o que faz o teu poder, ó incompreensível Maya", pediu o eremita. Visnu fez-lhe sinal para o seguir. Pouco depois, como caminhavam por uma estrada deserta ao sol e tinham sede, Visnu pediu-lhe que fosse até à aldeia que se avistava a pouca distância e que lhe trouxesse àgua. Ficou à beira da estrada à espera dele. Narada apressou o passo e foi bater à porta da primeira casa que encontrou. Abriu a porta uma rapariga. Era tão bela que, ao vê-la, Narada esqueceu a razão po que viera. Entrou na casa e foi recebido por toda a família com as honras devidas a um santo homem. Ficou hóspede dessa gente durante muito tempo. Por fim casou com a bela rapariga e conheceu as alegrias do casamento e todas as felicidades e desgraças entrelaçadas que constituem a existência dum lavrador. Assim se passaram doze anos. Narada tinha tido entretanto três filhos e por morte do sogro ficara dono da propriedade. Mas no décimo segundo ano chuvas torrenciais inundaram a região. Na mesma noite os seus rebanhos afogaram-se e a casa ruiu. Levou com um dos braços a esposa e com o outro os dois filhos mais velhos. Pusera o mais novo aos ombros. Depois avançou penosamente através das águas. Mas a carga era pesada de mais. A criança que pusera aos ombros escorregou e caiu. Então depôs tudo e mergulhou para a apanhar. Mas era demasiado tarde. A corrente arrastara-a em poucos instantes. Durante esse tempo, os dois mais velhos tinham sido também arrastados e logo a seguir a esposa. Em breve o próprio Narada caiu de fadiga e o seu corpo boiou sem consciência como um pedaço de madeira. Quando voltou a si, atirado pelas vagas para cima de um rochedo, lembrou-se de todas as desgraças que tinham caído sobre ele e desatou a soluçar. Mas ouviu de súbito uma voz familiar: "Meu filho, então onde está a água que foste buscar-me? Estou à tua espera há pelo menos meia hora!" Narada voltou a cabeça. Em lugar do dilúvio que aniquilara tudo, viu apenas planícies desertas, rebrilhando sob um sol de meio-dia. "Compreendeste agora o mistério do meu poder?", perguntou-lhe Visnu. "Compreendeste em que consiste Maya?"
Biris fechou o livro e pô-lo sobre a secretária. Stefan escutara imóvel.
- È uma história esplêndida - comentou Biris ao ver que o silêncio se prolongava.
- Mas você acredita realmente que possa ser verdade?

Estamos Nas Mãos Do Destino

Um grande guerreiro japonês chamado Nobunaga decidiu atacar
o inimigo, muito embora tivesse apenas um décimo das forças que o seu
opositor comandava.
No caminho, parou junto a um santuário xinto e disse aos seus homens:
- Depois de visitar o santuário, lançarei ao ar uma moeda. Se sair cara,
venceremos; se sair coroa, seremos derrotados. Estamos nas mãos do destino.
Nobunaga entrou no santuário e recolheu-se em silenciosa oração. Depois, saiu
e lançou a moeda. Saiu cara. Os soldados ficaram tão animados para o combate,
que facilmente o venceram.
- Ninguém pode forçar a mão do destino - disse o lugar-tenente de Nobunaga depois
da batalha.
- Realmente, ninguém pode - assentiu Nobunaga. E mostrou-lhe duas moedas coladas uma
à outra e com as caras voltadas para fora.