domingo, abril 09, 2006

À Flor Da Pele...


À flor da pele e na sua profundidade da alma - assim é a violência no quotidiano, uma violência que percorre e ricocheteia sobre todas as superfícies da nossa existência, e que uma palavra, um gesto, uma imagem, um grito, uma sombra mesmo, capta, transporta e relança indefenidamente - e que, no entanto, dessa espuma dos dias, de abrem à alma, em mergulhos de angústia, abismos vertiginosos, que nos levam a dizer: «Serei eu, verdadeiramente, essa violência
Caso de pele, a violência, naquilo que se ouve dizer: um reflexo sombrio ou claro, um odor mesmo fugaz, uma prega dissimulada, inquisidora - e a violência adquire fogo e chama!
Mas, mais ainda, é a pele que será para nós, encetando o nosso objectivo, um caso de violência que funciona como a superfície de inscrição onde se gravam, em sangrentos arabescos, os traços dessa «colónia penitenciária» que é sempre, de qualquer forma, constitutiva de toda a sociedade humana, sociedade de colonizados e penitentes - que todos nós somos.
A linguagem é eloquente e todo aquele que se entregue a uma pequena fenomenologia dos seus humores violentos reconhecê-los-à talvez nestes três breves planos - a habitual triologia: Ele, Ela, Eu - colhidos à flor da pele...

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